segunda-feira, 6 de julho de 2009

Conceito

Duotonee.

“Experimentar deslocamento em si próprio, acolher o desafio da incerteza... uma forma brotando dessa intimidade. A vida contaminada de arte, a arte lambuzando-se de vida”.

Oiticica.

De um molde raiz... experimentações! Fazendo com que o molde sofra transformações drásticas, plásticas, mutações.

Pautamo-nos sobre o princípio de que a partir da Era Moderna o homem via-se como ser imutável, seguindo modelos impostos pela sociedade considerando certas estas premissas. Poderia passar a vida toda sem mudar suas roupas/pensamentos.

Já na contemporaneidade esse homem sofre mutações o tempo todo, alimentando-se de várias fontes, estilos e épocas para construir sua identidade. Tudo isso ele absorve sem parcimônia.

Partimos de uma modelagem mais justa, delineando as formas do corpo, que evoluem, ganham vida própria, ainda que formas levemente estruturadas, buscando uma alusão à evolução da história da indumentária e à evolução dos shapes – sempre desenhando o tempo.

Usaremos vários recortes pensando no conceito de complexidade. Cada parte apresentando sua especificidade e, em contato com as outras, modificam as partes e também o todo. Pensaremos também no conceito de estruturalismo segundo Roland Barthes, onde discute moda como sistema, onde todas as partes estão interligadas.

O que buscamos é: dar forma ao que vivemos, em nossa subjetividade.

De acordo com Rosane Preciosa, no seu livro Produção Estética, o pensamento complexo pressupõe abertura para a aleatoriedade, a surpresa, as transformações.

A passarela usufrui da performance mostrando a evolução da roupa, a construção/desconstrução da peça e o resultado final bem acabado. As peças serão executadas com três tecidos de texturas totalmente diferentes: um com aspecto rústico, apesar de bastante contemporâneo, o tecido feito de fibras de garrafas Pet – apontando também para o conceito de sustentabilidade; o tafetá shantung, o qual tem uma textura parecida com um papel e, por último, o gazar de seda passando a idéia de leveza, de efêmero, de que tudo é fluido e que somos constantemente modificados por informações, signos advindos de tudo que nos cerca e permeia.

A trilha sonora se constituirá de sons, ruídos, barulhos do cotidiano, a evolução da subjetividade sugerida.

No cabelo e nos sapatos, estruturas feitas com os resíduos têxteis da coleção – sempre seguindo a linha dos conceitos trabalhados.

Na estamparia, reproduziremos as marcações e o mapa da modelagem pensando sempre no registro desse molde e na memória, dando ao tecido uma estética gráfica.

Tanto no shape quanto na estamparia trabalharemos a exaustão das formas, tendo como exercício a experimentação de nossa subjetividade.


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